O índice de especialização de determinada Região na titulação de mestres ou de doutores em uma grande área do conhecimento é um indicador que compara a proporção do total de títulos concedidos, que coube especificamente a essa área, na referida região com a mesma proporção no caso nacional. Um exemplo hipotético ajuda a compreender esse índice. Caso se suponha, primeiro, que 20% dos títulos concedidos na Região Norte tenham sido da grande área das Ciências biológicas e, segundo, que apenas 10% dos títulos concedidos no Brasil pertencessem a essa mesma área, pode-se inferir a partir dessa hipótese que o índice de especialização da Região Norte na grande área das Ciências biológicas é de 2,0. Esse seria um claro indicador do grau de especialização relativa da Região Norte na grande área das Ciências biológicas. Um índice de especialização em determinada área igual a 1,0 indica que a região tem o mesmo nível de especialização do conjunto do País nessa área. Índices menores do que 1,0 indicam graus de especialização negativa. Os índices de especialização apresentados no gráfico 4.2.1 referem-se aos títulos de mestrado e de doutorado concedidos durante os 26 anos incluídos do período 1996-2021.

É possível observar em linhas gerais, que, por ter sido responsável pela maior proporção de títulos de mestrado (51,3%) e de doutorado (63,7%) concedidos no período 1996-2021²⁶, a Região Sudeste apresenta obviamente a distribuição dos índices de especialização mais próximos da média nacional. Isto é, seus índices de especialização nas diversas grandes áreas do conhecimento são, em linhas gerais, próximos de 1,0. O mais elevado índice de especialização dessa região no caso dos títulos de mestrado foi o das Engenharias (1,2) e, no caso dos títulos de doutorado, o das Ciências da saúde (1,1). Nessa região, os índices de especialização mais reduzidos tanto na titulação de mestrado, quanto na de doutorado, foram os da grande área Multidisciplinar, com valores respectivamente de 0,8 e 0,7.

Por outro lado, a Região Norte, que foi a que titulou as menores proporções de mestres (2,9%) e de doutores (1,9%) no período sob análise, é a região que apresenta a maior dispersão de índices de especialização em relação à média nacional. Os mais elevados índices de especialização da Região Norte foram os da grande área Multidisciplinar. A proporção dos títulos concedidas na Região Norte para a grande área Multidisciplinar foi mais de duas vezes (2,1) superior à da média brasileira no caso dos títulos de mestrado e quase quatro vezes (3,8) maior no caso dos títulos de doutorado. Os índices de especialização dessa região, que aparecem em segundo lugar na lista dos mais elevados nos títulos de mestres e de doutores, são os da área de Ciências biológicas. Esse fato levanta uma importante questão sobre os fatores determinantes dessa forte especialização da Região Norte nas grandes áreas Multidisciplinar e das Ciências biológicas. Será que a expansão e a consolidação da pós-graduação na Região Norte virão a ser responsáveis pela convergência progressiva de seus índices de especialização para aqueles predominantes na média das demais regiões brasileiras ou as características únicas da Região Amazônica e de suas necessidades específicas de pesquisa e de formação de mestres e de doutores contribuirão para uma contínua diferenciação de suas especializações?