2.2 Ritmo de Crescimento - 2.2 Ritmo de Crescimento
2024
2.2 Ritmo de Crescimento
Apesar de o número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos a cada ano ter crescido de maneira sistemática entre 1997 e 201914, as taxas anuais de crescimento foram muito instáveis e apresentaram tendência geral de declínio, como pode ser observado no gráfico 2.2.1.
Como analisado na seção anterior, o ano de 2020 foi marcado por excepcional decréscimo no número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos.
Mesmo desconsiderando-se os dois últimos anos da série, é fácil evidenciar a tendência de declínio nas taxas de crescimento ocorrida no período 1997-2019 quando se divide a análise em dois períodos. No período 1997-2005, as médias das taxas de crescimento anual do número de títulos de mestrado e de doutorado foram respectivamente de 12,8% e 13,8%. No período 2006-2019, tais médias caíram para 6,1% e 7,5%, que vêm a ser aproximadamente a metade daquelas vigentes no período anterior. No ano último ano antes da queda, 2019 as duas taxas convergiram para valores ainda menores, 4,6% no caso de títulos de mestrado e 4,1% no de doutorado. É provável que os dados de anos posteriores a 2021 venham a indicar a retomada da trajetória sistemática de crescimento anterior, mas também parece provável que volte a se colocar a tendência de declínio dessas taxas na medida em que fatores estruturais que as alimentaram voltem a atuar. Contudo, isso dependerá de aspectos relacionados à evolução da economia e das políticas de pós-graduação e de ciência e tecnologia que vierem a ser adotadas.
As taxas anuais de crescimento do número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos no Brasil apresentaram grandes flutuações com tendência geral de declínio ao longo do período 1997-2021.
Mestres e doutores: Taxa de crescimento anual do número de títulos, 1997-2021 (%)
O gráfico 2.2.2 apresenta as taxas de crescimento anual do número de títulos concedidos no Brasil, nos Estados Unidos da América – EUA e no total dos 38 países membros da Organização de Cooperação e Desenvolvimento – OCDE nos anos 2014-2021.
Um dos aspectos relevantes que emergem da análise do gráfico 2.2.2 é o fato de que entre 2014 e 2019 as taxas de crescimento anual do número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos no Brasil são significativamente mais elevadas do que as dos EUA e da OCDE. As médias das taxas de crescimento do número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos no período 2014-2019 no Brasil foram respectivamente de 5,9% e 8,1%, enquanto as dos EUA foram de 1,6% e 2,2% e as da OCDE de 2,2% e 2,7%. Parece natural encontrar taxas maiores de crescimento do número de titulados no Brasil em razão do fato de esse país ter uma pós-graduação muito mais jovem do que aquela dos EUA e de parte significativa de países da OCDE.
Infelizmente, contudo, a situação se inverteu no ano de 2020. Neste ano, o Brasil apresentou elevadas taxas de crescimento negativo do número de titulados refletindo uma situação em que a pandemia da COVID-19 afetou muito mais fortemente o País do que os EUA e os países da OCDE.
A comparação com os EUA parece ser particularmente relevante porque os dois países apresentaram proporções similares e entre as mais elevadas do mundo de número de mortes causadas pela pandemia como proporção de suas populações totais15. Apesar disso, as taxas de crescimento do número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos em 2020 nos dois países foram muito diferentes. Nos EUA, tais taxas foram respectivamente de 0,7% e -0,6%, enquanto no Brasil, como visto anteriormente, essas foram de -14,3% e -17,8%.
A comparação com a média dos países da OCDE também não é favorável ao Brasil. O número total de títulos de mestrado concedidos pelos 38 países da OCDE cresceu 0,5% no ano de 2020, enquanto o de títulos de doutorado apresentou um crescimento negativo (-3,1%), que foi bem menor do que o brasileiro.
O fato de o Brasil ter tido taxas de crescimento da titulação tão mais negativas do que as dos EUA e do total de países da OCDE no ano de 2020 pode indicar que fatores além da pandemia propriamente dita possam também ter tido papel importante na queda ocorrida na titulação de mestres e de doutores nesse ano.
A pós-graduação brasileira, medida pelo número de títulos de mestrado e de doutorado concedidos a cada ano, apresentou trajetória de crescimento sistemático entre 1996 e 2019. Tal trajetória foi interrompida no ano de 2020 em razão principalmente do impacto da emergência sanitária criada pela pandemia da COVID-19. Muitos países também apresentaram quedas na titulação no ano de 2020, mas o Brasil teve, nesse aspecto, desempenho muito inferior ao dos países da OCDE.