4.3 Desconcentração do emprego

A distribuição pelas regiões brasileiras da população de indivíduos, que haviam obtido títulos de mestrado e de doutorado no Brasil a partir de 199627 e que possuíam emprego formal em 2009 e em 2021, apresentada no gráfico 4.2.1, mostra que também houve desconcentração regional no caso do emprego desses profissionais28.

Quase metade (49,2%) dos 184.960 indivíduos29, que obtiveram títulos de mestrado no Brasil entre 1996 e 2009 e que possuíam emprego formal no ano de 2009, trabalhavam na Região Sudeste. Em 2021, essa região concentrava 43,9% da população brasileira de mestres com emprego formal, que havia atingido nesse ano o número de 441.983 indivíduos30. Além da Região Sudeste, apenas a Região Sul teve sua participação reduzida no período analisado. Em 1996, 19,9% dos mestres empregados estavam na Região Sul. Em 2021, essa participação havia caído para 18,9%. Essa redução da participação da Região Sul, acompanhada do ganho de 4,1 pontos percentuais de participação da Região Nordeste, permitiu que essa última viesse a superar a Região Sul e assumisse o segundo lugar entre as regiões que mais empregavam mestres nesse ano. As Regiões Centro-Oeste e Norte também aumentaram suas participações no emprego formal de mestres entre 2009 e 2021.

No caso dos doutores, todas as regiões, com exceção da Sudeste, ganharam participação no emprego formal entre 2009 e 2021. A Região Sudeste apresentou uma redução de 9,5 pontos percentuais em sua participação no emprego de doutores. O crescimento mais acelerado da participação da Região Nordeste permitiu a essa região alcançar 19,5% do emprego de doutores no ano de 2021, valor idêntico ao da participação da Região Sul.

Entre 2009 e 2021, a Região Sudeste foi a única a apresentar redução na participação relativa de mestres e doutores empregados. A Região Nordeste foi a que apresentou os ganhos mais expressivos de participação no emprego de mestres e de doutores entre aqueles dois anos. Essa região passou de terceira para segunda colocada entre as regiões que mais empregavam mestres em 2021, deslocando a Região Sul para o terceiro lugar. No caso dos doutores, a Região Nordeste passou, em 2021, a ter participação idêntica à da Região Sul, passando a compartilhar com essa região a segunda posição entre as maiores empregadoras de doutores.

27 Ver o conceito de populações de mestre e de doutores no Glossário
28 Notar que, assim como ocorreu no caso do capítulo 3, que analisa o emprego de mestres e doutores, a análise desenvolvida nesta seção toma o ano de 2009 como o início da série, enquanto o ano de 1996 foi tomado como o ano inicial para as análises sobre cursos e títulos
Distribuição dos empregados formais por Região, 2009 e 2021 (%)

As densidades das participações de mestres e de doutores no total de indivíduos com emprego formal no Brasil e em cada uma das regiões brasileiras nos anos 2009 e 2021 é apresentada no gráfico 4.3.2. A densidade é aqui medida pela quantidade de mestres ou de doutores com emprego formal que, em média, existe em cada grupo de mil indivíduos do total de empregados formais.

Em 2009, havia 4,5 mestres com emprego formal em cada grupo de mil indivíduos com emprego formal no Brasil. A Região Centro-Oeste  liderava as regiões brasileiras com a maior densidade de mestres entre os empregados formais no ano de 2009 (6,1 por mil) e continuou na liderança em 2021, com 11,8 por mil. A Região Sul, com 5,2 mestres por mil empregados, era a segunda colocada nesse quesito em 2009, mas passou para a terceira colocação em 2021.

No ano de 2009, as Regiões Centro-Oeste e Sul tinham densidade de mestres entre os empregados superiores à média nacional, enquanto as Regiões Sudeste, Nordeste e Norte tinham densidades inferiores à média nacional. No ano de 2021, a Região Sudeste foi a única que apresentou proporção de mestres por empregados formais menor do que a média nacional.

No caso dos doutores, as Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste todas com 1,9 doutores empregados por mil empregados, apresentaram, em 2009, densidade de doutores empregados superiores à média nacional (1,8 por mil). As Regiões Nordeste (1,5 por mil) e Norte (0,8 por mil) ficaram abaixo da média nacional em 2009. Em 2021, as Regiões Centro-Oeste (5,0 por mil) e Sul (4,8 por mil) continuaram a ocupar a liderança e a vice-liderança entre as regiões com maior densidade de doutores entre seus empregados. A Região Sudeste saiu da terceira posição na escala das Regiões com maior densidade de doutores entre os empregados em 2009 para a última posição nessa escala em 2021.

As diferenças entre as densidades do emprego de mestres e de doutores por Região diminuíram significativamente entre 2009 e 2021.

Número de empregados por mil empregos formais, por Região, 2009 e 2021

São Paulo é a unidade da Federação na qual estava empregada a maior proporção de mestres e de doutores brasileiros empregados em 2009 e em 2021. Em 2009, 24,3% dos mestres e 30,1% dos doutores com emprego formal no Brasil trabalhavam em São Paulo. No entanto, a participação de São Paulo diminuiu entre esse ano e o ano de 2021. Tal participação declinou 3,6 pontos percentuais no caso dos mestres e 7,9 pontos no caso dos doutores. As participações do Estado do Rio de Janeiro e do Distrito Federal também diminuíram tanto no caso dos mestres, quanto no de doutores. Todas as demais UFs aumentaram suas participações.

Distribuição dos empregados formais por unidade da Federação, 2009 e 2021 (%)

É muito grande a desigualdade da distribuição dos mestres e doutores com emprego formal pelas UFs, como pode ser verificado no gráfico 4.3.3. Tal desigualdade é, no entanto, relativamente muito menor quando o número de mestres e doutores empregados em cada UF é dividido ou ponderado pelo número total de empregados formais das respectivas UFs, como mostrado no gráfico 4.3.4.

No ano de 2021, havia em média 9,1 mestres empregados por cada grupo de mil indivíduos com emprego formal no Brasil como um todo. Nesse mesmo ano, a unidade da Federação que apresentava a mais elevada proporção de mestres empregados por mil empregados formais era o Distrito Federal, cuja proporção (23,3 por mil) foi 2,6 vezes maior do que a da média brasileira.

O Estado de São Paulo, que foi responsável por 20,3% da titulação dos mestres ocorrida no Brasil entre 1996 e 2021, e que empregava 20,7% dos mestres em 2021, aparece apenas em penúltimo lugar na escala das UFs que mais empregavam mestres como proporção do total de empregados. Por outro lado, parece surpreende o fato de o estado da Paraíba, no qual o desenvolvimento da pós-graduação é muito mais recente, aparecer em segundo lugar nessa escala.

O Estado do Rio de Janeiro, que também é um dos que mais titulam e empregam mestres, manteve, em 2021, um índice relativamente elevado de mestres com emprego formal por mil empregados formais (12,8), atrás apenas do DF (23,3), da Paraíba (14,3) e do Rio Grande do Norte (13,5). O Estado de Minas Gerais, que também tem importância relevante na titulação e no emprego de mestres, teve, em 2021, desempenho abaixo da média nacional (8,3) nesse indicador.

No caso dos doutores, a média nacional do número desses profissionais empregados por mil empregados de todos os níveis educacionais foi de 4,4 em 2021. Nesse ano, a Paraíba liderou a escala das UFs com a mais elevada proporção de doutores com emprego formal por mil pessoas com emprego formal (8,6), enquanto o Distrito Federal apareceu em segundo lugar (7,9 doutores por mil). O Estado de São Paulo, que mais titula e emprega doutores teve desempenho nesse indicador bem abaixo da média nacional (3,5 doutores mil). O Estado do Rio de Janeiro, outro grande polo formador e empregador de pós-graduados, aparece em quarto lugar da escala, com a proporção de 6,1 doutores empregados por mil empregos formais.

Número de empregados por mil empregos formais, por unidade da Federação, 2009 e 2021

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